O que tem em comum os líderes mundiais dos contágios da COVID-19

28 de maio de 2020

No momento que inicio este artigo, coincidentemente, recebo a notificação na minha tela, do Jornal Zero Hora, de que o Brasil acaba de superar 25mil mortes e 400mil casos da Covid-19, confirmando a segunda posição no nefasto ranking mundial da doença causada pelo Coronavírus. Para fins de registro histórico, neste exato momento, o site da CNN Health, baseado nos controles feitos pelo John Hopkins University Center, indica os seguintes números:

 

EUA - 1.697.459 casos e 100.271 mortes

Brasil - 411.821 casos e 25.598 mortes

Rússia - 370.680 casos e 3.968  mortes

Reino Unido - 267.240 e 37.460 mortes

 

Mesmo considerando a grande possibilidade de sub-notificações de casos e mortes no Brasil e de mortes pelo governo mão de ferro da Rússia, há algo muito peculiar que une estes 4 governos: o vírus nos escancarou como são perigosos os políticos que chegam ao poder, catapultados por uma grande onda de fake news, ou melhor, falsas e perigosas verdades.

 

 

Estes grandes líderes também podem se gabar do uso indiscriminado, antes e durante o governo, de engodos úteis, como o combate a corrupção, honestidade, patriotismo, defesa da família, da religião e outras peculiaridades muito vizinhas ao fascismo, que tanto encantou o eleitor incauto durante a campanha eleitoral.

 

Num primeiro momento da Pandemia, fizeram parecer que o problema Covid-19 sequer existisse, alguns chamando-o de simples “gripezinha”, continuando firmes na sua política econômica neoliberal de salvação de CNPJs, sem dar ouvidos às opiniões e conselhos de cientistas e especialistas da área da saúde para a necessidade do isolamento social, os quais, naturalmente, sabem muito mais que políticos, alguns destes, sem a mínima condição de exercer este cargo. É preciso salvar a vida!

 

Mais tarde, com os números desastrosos em curso, passaram a acusar os contrários a esta posição, especialmente a imprensa “comunista” de complô, de simples oposição interesseira para o “quanto pior melhor”, sem qualquer prova de suas apostas equivocadas ou entrincheirados no teimoso negacionismo.

 

Os quatro líderes destas grandes nações, de acordo com a Organização Mundial da Saúde/OMS, neste momento, indicam o maior número de contágios pelo Coronavirus nos EUA, Brasil, Rússia e Reino Unido, os quais, vem, desde o início, administrando a pandemia usando da mesma estratégia com a qual foram eleitos e levados ao poder e que continuam lhes dando força: contaminando o debate público, com uso massivo de fake news e evitando discutir qualquer dado fidedigno e real, por mais científico que seja. Ocorre que o vírus não é balizado em algoritmos de redes sociais que tanto estes líderes e suas equipes usaram nas campanhas eleitorais, inclusive com uso de milionárias somas de dinheiro e equipes de apoiadores e robôs para atacar adversários e convencer os eleitores das suas mirabolantes plataformas. A vida não se resume às redes sociais.

 

Mesmo que sejam um lamaçal de engodos, as redes sociais continuam a infestar eficientemente a opinião pública e o resultado destes métodos de gestão, aos poucos, estão sendo vistos por todos que o querem, menos os naturais “convertidos”, é claro.

 

A linha de falsidades que une estes 4 líderes começa bem antes da emergência da Covid-19 quando, para o referendum de 2016 sobre o Brexit, o primeiro ministro inglês, Boris Johnson, circulava com a promessa: “Nós damos 350 milhões de libras esterlinas para a Europa por semana. Vamos usá-los para o nosso serviço nacional de saúde”. Mentira! Eram menos de 250 milhões e uma grande parte era devolvida aos ingleses com programas sociais da União Europeia, muito embora fosse impossível dizer que os recursos economizados seriam utilizados pelo serviço nacional de saúde. Com a saída do Reino Unido da UE importará em enormes custos diretos e indiretos para a economia da ilha, de modo que não se pode afirmar ter havido real economia neste particular, muito embora uma pesquisa da King’s College de Londres indique que 42% da população acredita nesta afirmação do primeiro ministro eleito e já curado da Covid-19. Isso para citar apenas um exemplo.

 

Um pouco mais acima, na imensa Rússia, temos uma “produção industrial” de fake news, com o todo poderoso Vladimir Putin que, desde sempre investe milhões no setor, com estruturas complexas como a “Internet Research Agency (Ira)” que, se recordamos a vitória de Donald Trump, tornou-se famosa pela contaminação total da eleição americana, com massiva desconstrução da candidata Hillary Clinton, catapultada pela onda mundial de direita que varreu parte do mundo entre 2015 e 2019, mesmo que tenha vencido pelo voto popular, mas o que valeu foi a soma dos votos dos delegados, numa vitória estratégica.

 

Donald Trump, eleito em 08/11/2016, continuou sendo contumaz no uso da “desinformação”, tanto que uma pesquisa do Jornal New York Times, indica que,  em poucos mais de 10 mil tweets que fez, desde que assumiu o governo, disseminou, em 1.700 destes, falsidades contra imigrantes, mentiras sobre fraudes eleitorais que o teriam prejudicado, críticas à família Obama e até mesmo sobre complôs chineses ou mesmo aos inofensivos resfriados de estação.

 

Fiel seguidor do “amigo” e inspiração Trump, o presidente Bolsonaro usou e abusou, na campanha eleitoral de 2018, das informações enviadas massivamente pelos seus “robôs”, via WhatsApp, cuja produção ganhou status presidencial, pois lhes foi franqueada, com o êxito espetacular na eleição, sala de trabalho – ou seria de maldades – e até nome próprio, como “Gabinete do Ódio”, exatamente ao lado daquela que é destinada ao Presidente da República.

 

Não é de se surpreender que o próprio filho, Carlos, esteja sendo investigado como suspeito de ser o chefe de um network dedicado à difusão de fake news, como amplamente divulgado pela mídia e que hoje, 27/05/2020, desencadeou operações da Polícia Federal, a pedido do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, com 29 mandados de busca e apreensão em todo o Brasil para apurar quem comanda, incentiva e até investe nesta praga moderna da democracia.

 

Com os intermináveis desdobramentos e prejuízos que as “mentiras” provocam, vamos levando esta Pandemia, sem saber o que nos espera ao seu final. Quem sabe o Coronavírus seja uma vacina para a pós-verdade, se sobrevivermos a tantas INVERDADES.

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