Taxa da cidadania: Parem de enganar os italianos no exterior, pedem Molossi e Gazzola

7 de janeiro de 2016 – 16:18

    “A taxa dos 300 euros é cobrada pelo Estado italiano, através dos Consulados, já há mais de um ano e meio e, não obstante, a contraprestação (do serviço) continua sendo negada: continuam a existir filas para o atendimento do pedido de reconhecimento da cidadania, e quem consegue apresentá-lo precisa esperar anos antes que a cidadania seja reconhecida”.

A afirmação, contida em nota conjunta expedida em Roma com a data de hoje (4 de dezembro) é de dois expoentes do Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero, Luis Molossi, do Brasil (conselheiro do Comites para o Paraná e Santa Catarina), e Mariano Gazzola, da Argentina (conselheiro do CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero), em que pedem: “Vamos parar de enganar os italianos no exterior! Não é suficiente um ODG (Ordine del Giorno – NR) para ficar de consciência limpa”. A referência é a ODGs que, após aprovada a taxa sem ressalvas, foram realizadas por parlamentares eleitos no exterior tentando comprometer o governo italiano com a devolução aos consulados da chamada “taxa da cidadania”, que hoje vai diretamente para os cofres romanos.

 

Molossi e Gazzola fazem coro, assim, a diversas outras lideranças da comunidade italiana que vêm se pronunciando criticamente sobre a “taxa da cidadania”, em vigor desde 8 de julho do ano passado, sem resultado positivo algum sobre a diminuição das enormes filas (eletrônicas) de espera diante dos consulados italianos que operam no Brasil, formadas por interessados em ver reconhecida a cidadania por direito de sangue. A espera vai de cinco, dez a vinte ou trinta anos, dependendo do consulado, embora estejam no Brasil os maiores índices de arrecadação consular de todo o mundo (Curitiba é o sexto consulado italiano que mais arrecada dentre cerca de 200). Entretanto, documento subscrito pelos conselheiros no CGIE e presidentes dos Comites no Brasil, entregue ao ministro italiano das Relações Exteriores, Gentilone, na recente visita que fez ao Brasil, não aborda o assunto considerado há muito o principal problema da comunidade ítalo-brasileira.

 

A nota conjunta parte da afirmação realizada há poucos dias pelo deputado Fabio Porta (embora a ele não faça referência expressa), segundo a qual a aprovação de uma “enésima” Ordem do Dia na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, para a destinação de parte dos recursos da “taxa da cidadania” aos consulados constitui “novo e importante passo” na luta pela reestruturação dos consulados e pelo fim das  “filas da cidadania”.

 

“Não é a primeira vez – dizem Molossi e Gazzola na nota conjunta – que uma ODG como essa é aprovada por uma comissão ou mesmo pelo Plenário da Câmara ou do Senado, mas os resultados estão sob os olhos de todos: o direito continua a ser negado”.

 

A nota conjunta observa que pelo texto da nova lei sobre a imigração, aprovado pela Câmara, os imigrantes na Itália pagarão 200 euros para ter a cidadania italiana, enquanto um cidadão que pede a mesma coisa no exterior tem que pagar 300 euros -  33%  a mais: “isso discrimina e poderia ser inclusive inconstitucional”, afirmam os signatários.

 

“Esses mesmos parlamentares, que justificavam a introdução dessa taxa porque os recursos poderiam ser destinados à contratação de mais pessoal nos consulados – diz ainda a nota – são os mesmos que, depois, a aprovaram sem o correspondente aumento dos recursos consulares, e que agora pretendem ficar de consciência limpa com Ordens do Dia – que outra coisa não são que papel descartável – com as quais pedem ao Governo se não seria o caso de avaliar se é possível destinar pelo menos uma parte dos 300 euros para a contratação de mais pessoal”. São ‘Se’ demais!, dizem os signatários.

 

Veja, na íntegra, a nota à imprensa, difundido em língua italiana: “Finiamola di  prendere in giro gli italiani all’estero!  Non basta un ODG per lavarsi la coscienza. Una settimana fa la Commissione Affari Esteri della Camera ha approvato l’ ennesimo ordine del giorno (ODG) che sottolinea l’esigenza di destinare una parte degli introiti derivanti dalla riscossione della tassa di 300 euro per le richieste di cittadinanza al rafforzamento, in termini organizzativi e di incremento di personale, delle strutture consolari più esposte. (Ricordiamo che con la nuova legge approvata dalla Camera gli immigrati in Italia pagheranno 200 euro, ossia il 33% in meno della somma che paga un cittadino che chiede la stessa cosa all’estero; ciò ci discrimina e potrebbe essere addirittura anticostituzionale).

 

La notizia dell’approvazione di questo ODG veniva data da un eletto all’estero come “un nuovo importante passo” nella battaglia per il rafforzamento dei consolati e  per l’azzeramento delle lunghe attese.

 

Negli ordinamenti tributari di qualsiasi stato di diritto, la tassa è una tipologia di tributo dovuta dai privati cittadini allo Stato, che si differenzia dall’imposta in quanto applicata secondo il principio della controprestazione: si tratta di un pagamento del privato dovuto come corrispettivo per la prestazione a suo favore di un servizio pubblico offerto da un ente pubblico.

 

La tassa dei 300 euro è riscossa dallo Stato (tramite i Consolati) ormai da più di un anno e mezzo, e nonostante ciò la controprestazione viene ancora negata: continuano ad esistere code per la presentazione dell’ istanza di riconoscimento della cittadinanza, e chi riesce a presentarla deve aspettare anni prima che la stessa gli venga riconosciuta. Ci chiediamo: è questa la tassa di un stato di diritto o un nuovo criterio di attribuzione della cittadinanza? E’cittadino solo chi può pagare e ha tempo per aspettare?

 

Non è la prima volta che un ordine del giorno come questo viene approvato da una Commissione o addirittura dall’Assemblea di Camera o Senato, ma i risultati sono sotto gli occhi di tutti: il diritto continua ad essere negato.

 

Questi ordini del giorno altro non sono che un rituale espiatorio, compiuto da un gruppo di parlamentari eletti all’estero che, così, mettono un po’ in pace la loro coscienza prima di votare un’altra volta una legge finanziaria che mantiene la tassa mentre al tempo stesso riduce (non incrementa, riduce!) le risorse per le strutture consolari.

 

Questi stessi parlamentari, che giustificavano l’introduzione di questa tassa perché gli introiti avrebbero potuto essere destinati all’incremento del personale nei Consolati, sono quelli che poi l’hanno votata senza il corrispettivo incremento delle risorse consolari, e che ora credono di lavarsi la coscienza con degli ordini del giorno – che altro non sono che carta straccia – con i quali chiedono al Governo se sia il caso di valutare se sia possibile destinare “almeno una parte” dei 300 euro per l’incremento del personale. Troppi se!

Almeno questa volta il comunicato stampa ce l’hanno risparmiato e si sono limitati a post nelle loro bacheche personali su Facebook.

 

Se davvero si vuole fare un importante passo in questa direzione, che votino invece contro una finanziaria che contiene l’ennesimo taglio alle risorse per gli italiani all’estero, si astengano dal presentare ordini del giorni buoni a nulla e soprattutto la smettano di prendere in giro gli italiani nel mondo!”

 

Artigo originalmente publicado na Revista Insieme em 04 de Dezembro de 2015.

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