Os Livros como Instrumentos de Liberdade

02/12/2025

Luís Molossi e Matías Bossa durante Incontro CGIE a Curitiba-PR-Brasile

O que devo pensar? Devo perguntar a quem tem as respostas neste momento da história: Google, IA, ChatGPT, mídias sociais, motores de pesquisa, ou posso continuar a raciocinar por minha própria conta e risco?

Na verdade, temo que não somos mais autônomos, estamos inseguros, isolados, e é exatamente assim que nos quer a grande rede mundial, que nos dá tudo, nos disponibiliza o mundo ao toque de um mouse e um belo teclado, mas desde que fiquemos isolados, pilotando nossa nave quietos, serenos e tranquilos – em casa. E ali podemos destilar todo nosso ódio, insegurança, desprezo até pelos demais que não pensam como nós. Um ringue seguro, sem risco de levar um soco, de sangrar, de parar na lona. Então, perfeito para os fracos.

Podemos ficar conectados, mas à distância, nosso pensamento precisa de um filtro, um controle de quem comanda o pensamento dominante, os “trending topics”, as polêmicas diárias, provocadas, desejadas, para que determinada pessoa, líder, influencer esteja na berlinda e tenha os likes e sucesso garantidos. Estratégia para manter o controle das discussões diárias, a maioria estéril, sem utilidade alguma, apenas para nutrir a grande massa de desinformação, que ocupa a cabeça da grande maioria do público que não lê bons livros, infelizmente. Aqui todos querem ensinar e ninguém quer aprender.

Apenas nos livros temos a liberdade milenar do seu conteúdo, da sabedoria que temos acesso neles, bastando abrir e fechar suas páginas quando quisermos. É o nosso último e verdadeiro instrumento de liberdade, pois podemos pensar como quisermos, nós e as páginas escritas, seja hoje ou há muitos séculos atrás. Ali somos totalmente independentes, estamos protegidos da degeneração vinda da internet, criadora de ódio, individualismo e, em sua grande maioria, desinformação, ataques à ciência, ao (des)cuidado com o meio ambiente e com a nossa própria saúde.

Os livros sempre foram e ainda são verdadeiros instrumentos de liberdade.

Luís Molossi