Poesia - Pensar o Mundo Sentindo Filosoficamente

25/11/2023

Aprendemos que o mundo é formado pelas dualidades do bem e mal, claro e escuro, quente e frio, até vício e virtude e poucos de nós – infelizmente – temos contato, nos interessamos e muito menos nos arriscamos a escrever poesia. E até onde poesia e filosofia são antagônicas ou complementares? Muitos acham que a relação entre poesia e pensamento o são completamente.

Os poetas e artistas são vistos, de um modo geral, como pessoas que sentem, que exprimem sensações especiais próprias de poucos privilegiados e inspirados. “Se encontramos profundidade numa poesia esta parece ser de outra natureza e não de um filósofo ou um sábio”, diz o poeta francês Paul Valéry (1871-1945).

Mas também pensam os poetas sobre o que estão sentindo, sobre um mundo visto não somente pela razão, pelos conceitos políticos, sociais, econômicos e antropológicos, mas sob a ótica da poesia, sobre a ordem ou mesmo a desordem do mundo.

Temos os aspectos do grande poder institucional e prático presentes na Grécia antiga, seus sofistas, pré-socráticos e até relacionados com as dinâmicas da guerra, que encontramos também nos escritos de Homero, nos famosos cantos da Ilíada, mas também em Orlando Furioso, de Ludovico Ariosto, do século XVI.

“O universo, na perfeição de sua simetria, é simplesmente o mais sublime dos poemas. Ora, simetria e consistência são termos reciprocamente conversíveis: assim, a poesia e a verdade tornam-se um. Uma coisa é consistente em razão de sua verdade – verdade em razão de sua consistência. Uma perfeita consistência, repito, não pode ser senão a absoluta verdade" (Edgar Allan Poe).

As pessoas acreditam, sem maiores cuidados, que as análises e o intelecto, os esforços da nossa vontade e da precisão em que ele baseia o espírito não combinam com esta ingenuidade da fonte, estas expressões todas, esta graça e fantasia que distinguem a poesia e que podem ser reconhecidas desde as primeiras palavras.

Os filósofos da atualidade não são mais aqueles sujeitos absortos em pensamentos e isolados do mundo de que a história nos conta. Muitos leigos ainda acham isso, mas desde o fim do século XIX, a Filosofia passa por uma grande mudança. E isso tem a ver com a moderna sociedade da aprendizagem e não é por acaso que os filósofos voltam a ser chamados a debates sobre educação, comunicação e até sobre guerras. É só prestar atenção nos diversos programas de TV e debates em escolas, universidades e até nas grandes empresas e suas ações de motivação. E as redes sociais têm proporcionado ainda mais valorização de suas opiniões e análises.

A pergunta que sempre nos fazemos é como ter e dar acesso ao conhecimento, usando as linguagens de comunicação entre pessoas de diferentes culturas. A velha Filosofia “cartesiana” nos falava de um mundo compartimentado em prateleiras, o que valia também para o conhecimento. Assim o foi também com Kant, na valorização da razão formal onde a noção do conhecimento residida apenas na mente. Na nova Filosofia (Habermas, Schopenhauer, Wittgenstein e Heidegger) o mundo é aberto pela linguagem, com menos razão e mais contato, relação comunicativa no sentido de que a linguagem permite o pensamento e, portanto, sem ela seria impossível aprender a pensar, filosofar em última análise.

Pragmatismo ou utilitarismo é a grande questão, corrente que propõe uma posição do indivíduo que atua no mundo pela ação concreta, e assim reflexiva. Uma das regras é que as discussões filosóficas nunca fiquem restritas ao hermetismo. A poesia é tudo isso; mas é muito mais!

Luís Molossi

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